sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

we're too young to die

o fluxo de consciência me impede de escrever sem pensar na existencialidade. Por que meus personagens pensam? Poderia eles apenas agirem e eu ser alheio ao pensamento deles?

Narrador de atos, não de índole, pensamentos, vontades.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Cinematecando

Antes de virar uenebista, era fã incondicional de cinema. Brasília, ócio e véspera de oscar (já sairam os indicados) fez com que eu me entretesse bastante (e gastasse boa parte do meu dinheiro) em cinemas. Assisti a 6 filmes, todos recomendáveis, talvez porque hoje em dia eu esteja uma pessoa bem mais morna para criticar obras artísticas. Foram esses:

"Eu sou a lenda"
É um filme que eu só assistiria porque queria a companhia do meu querido irmão de 15 anos, que gosta de filmes pipocas e descartáveis. Sabendo que era realmente isso o que eu poderia esperar, um filme pipoca, fiquei bastante surpreso (para melhor) com o que assisti. O tempo se dilatou, não conseguindo perceber que havia assistido a um filme de 2 horas. Assustei-me, pulei da cadeira, gostei. Porém os monstros (sim, o filme tem zumbis) são plásticos, de magia e luz. Não dá para ter medo nem dá para crer que aquilo seria minha aparência caso fosse atingido por um virus. Uns buraquinhos no roteiro, mas no geral, bom.

"Michael Clayton - Conduta de risco"
Um bom filme de ética judiciária. Assisti sem saber o que esperar, muito mais pelo fato de que estava no cinema a espera do meu pai chegar e com uma janela de tempo de 2h30. Conta a história de um advogado de um grande escritório que enlouquece (surta, chegando a ficar pelado no tribunal) diante de uma sessão de julgamento na qual defendia uma corporação de produtos agrícolas tóxicos. Então é chamado o mocinho do filme (o Michael Clayton), que tem função no escritório de reparar as bobagens desse advogado. Enquanto isso, a diretora da corporação tenta reaver os possíveis danos causados, ficando com medo que "o segredo" (sim, os produtos são tóxicos e toda a corporação sabia disso) fosse revelado pelo advogado biruta e fazendo coisas pelo "bem maior".
O filme demora a engatar, com um tempo bem recortado (vai e volta e vem), mas é primoroso nos 30 minutos finais, quando tudo se encaixa. A sensação ao final é de certo conforto porque fica mais fácil de entender o filme, porém todos aqueles momentos em que nada faz muito sentido, momentos tais que você é incapaz de saber quais são as coisas que devemos direcionar a atenção, faz com que o filme às vezes fique chato.
Uma atuação sensacional, que eu fiquei de boca aberta mesmo, é da atriz que faz a diretora da corporação. Fiquei realmente encantado com a angústia que tinha em cair da corporação por não saber o que fazer de maneira lícita. Fui pesquisar na internet, descobri o nome dela (Tilda Swinton) e ela estava sendo indicada a vários prêmios, e eu tinha certeza de que seria indicada ao oscar. Papéis conhecidos são a mãe de "Até o fim" e a feiticeira de "As cronicas de Nárnia".

"A vida dos outros"
Filme alemão que está em cartaz a eras na Academia de tênis. Bem feito, bem acabado, mais ou menos escrito. Conta um pouco a história de um casal de intelectuais (um escritor e uma atriz) que estão sendo investigados pela polícia da Alemanha oriental para saber se eles eram contra o regime comunista. A história centra-se na relação meio estranha criada pelo investigador e esse casal, pois aquele acaba criando afetividade e negligenciando alguns fatos. O filme é um golpe bem forte para os que gostam da idéia do estado social de burocratas ou a censura.
Desgostei do filme em alguns aspectos. É longo, realizando subtramas para que possibilitasse uma revolta desse casal contra o regime (em princípio eles não são contra a burocracia), e foi incapaz de me convencer quanto a súbita piedade surgida pelo investigador, mostrando um cara maldoso no início do filme que depois se desmancha para ajudar seu objeto de investigação.

"Desejo e reparação"
Entrei no cinema pensando "merda! que estou fazendo aqui?". Odiei alguns filmecos de autores clássicos como E. M. Forster "Retorno a Howard's End" e Jane Austen "Razão e sensibilidade", filmes de costumes da Inglaterra vitoriana. "Desejo e reparação" era mais um filme com essa cara, em que as mocinhas se preocupam por quem vão se casar, amores proibidos e relações de poder. Preconceito, pois não esse tipo de gênero de filme que odeio, eu que nao tinha idade para gostar deles.
Mas fiquei muito surpreso. O filme prende sua atenção facilmente, com os draminhas da garotinha aspirante a escritora, que vê a irmã "chamegando" com o filho da governanta. É muito bem escrito todo esse primeiro momento do filme.
Porém quando começa a reparação, o filme torna-se óbvio e perde toda a sua inovação (que eu nao sei qual é). Mas vale a pena, é uma história de romance sensacional e eu saí com um entalo na garganta. Belíssimo, com uma trilha sonora (que eu baixei, inclusive) maravilhosa.

Agora tenho de sair do pc. Depois eu faço aqui meu momento Rubens Ewald Filho.