terça-feira, 22 de julho de 2008

Me amarraram no mastro ao canto das sereias, eu não resisti.
Vermelho e azul, você não precisa mais de mim.

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segunda-feira, 21 de julho de 2008

Pai herói

Versões do que nos contam

“Meu pai tem um problema no corpo, por isso que ele treme todo. Um dia ele estava andando de carro, escutando um jogo do náutico pelo rádio. Foi aí que o náutico fez um gol e aí ele foi vibrar e levantou as mãos. Como ele levantou as mãos, bateu o carro e se machucou. Por isso ele é ficou assim”. Felipe, 9 anos, em 1998.

Esse era um amiguinho meu que morava lá perto de casa. Estudávamos na mesma escola. Eu lembro que achava a família dele triste: uma mãe neurótica, sempre botando medo na gente, dizendo que eu não deveria andar na rua sozinho naquele Recife tão violento; um pai calado, já mais idoso, que parecia desempregado ou inválido...não sei. E ele falava isso com uma crença tão forte, uma malícia mínima.
Claro que não foi por uma bobagem desta que o pai dele se machucou. Detalhes tão pequenos de uma história que poderia ser passada por “seu pai perdeu o controle do carro” acabam por torná-la algo implausível. Alguém tem culpa, nexo de causalidade/imputabilidade, diante da deficiência do cara. Mas a mãe realmente não queria dizer que foi um acidente onde um cara bateu no pai dela, não.
Eu acho que ele dirigiu embreagado.

Será que em 2008 ele refez sua imagem paterna, entendendo o pai como alguém que errou? Será ele mais feliz do que morar naquele apartamento em frente à parada de ônibus da Caxangá, tão barulhento?

Magia e religião
Comprei um livro pela internet pela primeira vez. “Bruxaria, magia e oráculos entre os Zande” do E. E. Evans-Pritchard. O mundo tá meio cíclico e eu estou voltando a antropologia. =)