sábado, 16 de fevereiro de 2008

Brincando em sites de vestibular...

Estava passeando pelo Site da Uol, lendo sobre o fato de "tropa de elite" ter ganho o Urso de Ouro. Foi quando vi um link para uma banca de redações da UOL, na qual professores recebem redações de alunos e as corrigem, dando, inclusive, uma nota de acordo com os parâmetros das redações do ENEM. Achei bastante interessante, tanto é que tive interesse em escrever sobre a temática tantas vezes debatidas na UnB sobre a idéia de "é adequado aumentar as punições?".
Esse texto é uma pequena argumentação na especificidade dos recentes acidentes de trânsitos, que causam bastante repulsa, em geral. Tentei argumentar um pouco uma idéia das diferenças entre direito e moral, que o querido Kelsen vai diferenciar na sua teoria do direito: Agir pela moral é acreditar que aquilo é certo. Agir pelo direito é acreditar que aquilo é lícito.
Assim, a proposta ideológica que eu tenho, e isso eu acho que é muito adequado, é mostrar o quão importante é transformar as regras legais revestidas de uma postura ética. "Eu ajo legalmente porque isso vai ser bom, estou praticando o bem e consequentemente serei beneficiado com isso".

Enfim, ainda acho que discussão sobre legalidade e moralidade bastante importante para os discursos jurídicos e filosóficos, para uma discussão da nossa produção normativa, enfim, essas coisas que o estudante de direito se importa. No mais, não nego que deve haver punição, pois ainda acredito que punir é uma forma de justiça. Mas ao mesmo tempo acredito que a punição é uma reparação unfashion, incapaz de construir aspectos democráticos e solidários, que são as coisas que ainda tenho como o "Bem em si".

Enfim, a redação que eu escrevi:





Punir versus educar: Por um trânsito ético

A ocorrência de acidentes de trânsito com uma alta freqüência causa bastante repulsa aos atingidos, seja as próprias vítimas ou aos amigos e parentes. Mortes, amputações ou o simples susto tornam-se traumas, o que faz com que busquem soluções para tornar o trânsito brasileiro mais pacífico. Sugere-se, então, a idéia de maiores punições aos infratores das normas, já que surgirá a consciência de que “se eu descumprir a norma, serei punido”. Em princípio isso parece bastante adequado, afinal um comportamento violento no trânsito será pressuposto de sanção penal.
Essa lógica, no entanto, possui uma eficácia bastante diminuta em relação às possibilidades propostas por campanhas educacionais. Uma pessoa que se move pela punição agirá em simples conformidade a regra, porque seu comportamento será reprovado por terceiros e isso lhe causará alguns traumas, além daquela idéia “droga, fui pego cometendo infração!”. Punir não desenvolve, assim, um sentimento de certo ou errado, mas apenas de lícito e ilícito. Já no caso de uma proposta pedagógica, na qual é mostrado as conseqüências dos comportamentos inadequados no trânsito, o condutor terá os conceitos “certo” e “lícito” como sinônimos, além de perceber que, ao agir de acordo com as normas de trânsito, todos serão beneficiados.
Assim, acredito que pouco fará diferença se aumentar ou não as punições aos maus condutores, pois a eficácia do código de trânsito se restringirá à idéia do medo de ser punido, não da idéia de ser beneficiado e protegido. A única razão que eu vejo nessa articulação para o aumento das punições apresenta-se pelo sentimento de justiça tendente ao de vingança, o que é lamentável. E, talvez por não acreditar que punir seja a melhor forma de moralização, ainda acho que a educação é a forma mais eficaz de desenvolver uma ética adequada.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Sadness was the best thing I could bring

Entrevista de estágio marcada para as 10h30, com um sono comum às pessoas que dormem tarde durante suas férias. O terno que foi usado somente em ocasiões especiais torna-se pesado e quente, a gravata é ajeitada diversas vezes, afinal de contas, foi seu pai quem fez o nó para você. E você vai lá, entra naquele prédio empresarial com diversas entradas, se perdendo lá dentro. Imenso é o tal do edifício Brasil XXI.

Chegando lá, uma moça bonita, loira, abre sorridente a porta de vidro ao apertar o interruptor. Você força um sorriso, porque você quer demonstrar simpatia também, e esconder muito seu nervosismo diante dela, mesmo que ela não seja a sua entrevistadora. Enfim...

Senta-se no sofá, observando uma obra de arte, as letras prateadas com o nome do escritório (sabia que a OAB em seu estatuo obriga que os escritórios tenham nomes comerciais na qual esteja o nome dos seus fundadores?), o tapete com motivos persas. Enquanto isso, fica observando o atendimeno cheio de polidez da secretária ao telefone, sempre utilizando aqueles dispositivos "Somente um instante, por favor", "Senhora" e "bom dias". Por mais que isso signifique muito pouco como algo verdadeiro, é bom se sentir bem tratado. Talvez por isso tenha dado mais valor aos bons tratamentos. So politicians, I think you better keep your distance...

E você quer fazer um "yes" com a secretária: Melhor ficar calado, mas invez de ficar com o olhar morto e para os cantos, é bom mostrar olhar penetrante, 11+ 32, 50 - 17, 43x1, 86 : 2....

Espera os 15 minutos usuais, pois você chegou cedo naquele dia, mas também espera os mais 20 minutos usuais, pelo atraso do entrevistador.

Entra na sala de reuniões e surpreende com não um entrevistador, mas dois. E surpreende-se ainda mais com o fato de seres duas mulheres, uma com cara de ser mais simpática do que a outra. O cumprimento baseia-se no "bom dia", "prazer em conhecer" e um aperto de mão.