sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Esperar era torturante, mas, desde sempre, ou melhor, desde que me foi dado consciência, já sabia que havia uma identidade entre viver e esperar. E no fim, era tudo uma grande, ou nem tão longa assim, espera. E comigo não era diferente, esperava, como tantos outros, alcançar aquilo que aguardava, por mais que não tivesse certeza sobre o que demonstrava o pronome demonstrativo, sendo ele apenas uma seta que apontava. E da identidade viver = esperar, não me restava duvida de que viver era indicar, ou, vulgarmente, apontar. Pura indefinição, e era sobre isso que se preocupavam eles, todos os dias, procurando algo para o qual apontar. Ou antes, procurando para onde caminhar. E muitos esperavam, de fato, sem saber e definir o que era o seu aquilo, e esses, geralmente, foram, são e serão aqueles que jamais morrem sem se lamentar, salvo quando tamanha indefinição impedia, até mesmo no derradeiro momento, por ausência de consciência ou por súbita manifestação, um choro temeroso que mostrasse a todos a incerteza sobre o que havia para o lado de lá. E eu, sentado no batente da janela, olhava atento aos pingos da chuva, mas, certamente, não eram para eles que apontava; esperava a tempestade que, cedo ou tarde, iria chegar.
Quando ela chegasse, restar-me-iam duas saídas, apontar ou não mais aguardar, e, na tormenta da loucura, era justamente essa a saída daqueles, que sem saber por quais rios iriam desaguar, buscavam saciar a sede da incerteza nas águas eternas do Lethe, e, então, inexistentes, já não mais poderiam esperar. E nessa possibilidade eu nunca pensei, ou melhor, para essa saída jamais apontei; mas o sofrimento de apontar para si (e interprete isto das várias maneiras possíveis), faz com que todos, sem exceção, vacilem ao escolher entre viver ou não mais se lembrar. Mas se vacilo, logo restauro meu equilíbrio, afinal, de nada me adiantaria caminhar se não poderei recordar das chagas que me atingiram, assim, entre os dois caminhos, um leva a um só destino, já o outro, tão difícil de encontrar, ou levar-te-á aos Campos Elíseos, ou à morada de Cronos, onde, para todo o sempre, sua espera irá te habitar. E apenas esse caminho leva-me, através da dor, à felicidade

terça-feira, 22 de julho de 2008

Me amarraram no mastro ao canto das sereias, eu não resisti.
Vermelho e azul, você não precisa mais de mim.

http://www.incoersencia.blogspot.com

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Pai herói

Versões do que nos contam

“Meu pai tem um problema no corpo, por isso que ele treme todo. Um dia ele estava andando de carro, escutando um jogo do náutico pelo rádio. Foi aí que o náutico fez um gol e aí ele foi vibrar e levantou as mãos. Como ele levantou as mãos, bateu o carro e se machucou. Por isso ele é ficou assim”. Felipe, 9 anos, em 1998.

Esse era um amiguinho meu que morava lá perto de casa. Estudávamos na mesma escola. Eu lembro que achava a família dele triste: uma mãe neurótica, sempre botando medo na gente, dizendo que eu não deveria andar na rua sozinho naquele Recife tão violento; um pai calado, já mais idoso, que parecia desempregado ou inválido...não sei. E ele falava isso com uma crença tão forte, uma malícia mínima.
Claro que não foi por uma bobagem desta que o pai dele se machucou. Detalhes tão pequenos de uma história que poderia ser passada por “seu pai perdeu o controle do carro” acabam por torná-la algo implausível. Alguém tem culpa, nexo de causalidade/imputabilidade, diante da deficiência do cara. Mas a mãe realmente não queria dizer que foi um acidente onde um cara bateu no pai dela, não.
Eu acho que ele dirigiu embreagado.

Será que em 2008 ele refez sua imagem paterna, entendendo o pai como alguém que errou? Será ele mais feliz do que morar naquele apartamento em frente à parada de ônibus da Caxangá, tão barulhento?

Magia e religião
Comprei um livro pela internet pela primeira vez. “Bruxaria, magia e oráculos entre os Zande” do E. E. Evans-Pritchard. O mundo tá meio cíclico e eu estou voltando a antropologia. =)

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Resumo tosco do "adote um calouro".

Justificativa:
A constituição federal brasileira criou, principalmente com a Instituição da Defensoria pública, uma idéia prescritiva de que o acesso a justiça deve ser incentivado. As medidas contra a crise no ensino jurídico entraram em consonância com essa perspectiva, estabelecendo, assim, que as faculdades tivessem núcleos de prática jurídica que possibilitassem um acesso a justiça.
A UnB pôs o nucleo de prática jurídica (NPJ)justamente na Ceilândia, local em que a população é mais pobre e, portanto, tem mais dificuldade de utilizar do aparelho judiciário para resolver seus conflitos.
No entanto, há uma diferença sociológica, simbológica e conceitual entre as pessoas, cidadãos de Ceilândia, que necessitam do acesso ao judiciário, e os alunos do curso de direito, que possuem uma formação diferente.
Nessa falta de liame entre os que demandam do serviço do NPJ e os que promovem esse serviço, observou-se uma certa ineficácia do objetivo fim do núcleo.
Outro problema é que os alunos do direito estão entretidos num curso de iniciação ao conhecimento do judiciário. A falta de contextualização sobre como ocorre o funcionamento da composição de lides pelo judiciário inclui o aluno no curso de maneira inadequada, pois o aparelho judiciário é visto como algo distante e ter aula de "Teoria geral do Processo", sem nem mesmo ter se envolvido com isto, é bem chato.
O projeto tenta utilizar, por meio da extensão, uma forma de unir uma introdução do aluno ao mundo jurídico formal, assim como uma forma de qualificá-lo para atender, através da sua perspectiva como jurista, demandas sociais diferentes.

Objetivos:
O principal objetivo da parada é otimizar o ensino jurídico do curso de direito, pois traz o mundo jurídico pra próximo do aluno calouro, e melhorar o serviço do NPJ produz, mudando, também, o funcionamento do judiciário.

Metodologia:
A metodologia é através de várias práticas reflexivas, que serão desenvolvidas com a ida destes alunos ao Núcleo de Prática jurídica. Pela prática de uma observação participante, ele aprenderá um pouco sobre processo e questões legislativas, ou seja, a ciência tosca da juricidade, e também meios de trazer ao judiciário uma inserção social da população da Ceilândia.



Enfim, eu tenho uma literatura vasta para desenvolver esse texto aqui.
Espero que vocês façam muitas críticas ;)

domingo, 13 de julho de 2008

Toda aquela onda de “i think i’m falling in..” a outras práticas de suspiros amorosos foram em vão? Não sei.
Hoje eu levei um fora. To um pouco triste? talvez sim. Mas gostar de alguém é um gasto imenso de energia. Só que me fez bem pra caralho!

Agora estou em práticas de auto-imunização. Vou dizer para mim mesmo que só falei que gostava dela porque eu realmente não estava mais com medo de perdê-la. Só que nem sei se é assim... talvez eu atualmente esteja numa fossa, que talvez eu realmente acreditava num retorno.


Estarei aberto a retribuições. Mas, por mais que pareça paradoxal, descobri que amar outrem é amar a si mesmo. Final das contas, me fez bem pra caralho [2]!

Quanto a isso, não falo mais nada.

Post em homenagem a Amanda, que me acompanhou, mesmo que inconscientemente, nesta odisséia.
=)

Ps: Algumas reflexões escondem problemas de identidade.

domingo, 29 de junho de 2008

O libertino

Michel Foulcaut diz que a sexualidade se tornou restrita à cama dos pais. Sexo adequado é debaixo das cobertas, entre quatro paredes, em posições papai-mamãe.
Não gosto de escutar "queria que a gente tivesse numa cama". Por que não em pé? Cosmologicamente, no entanto, é socialmente reprovável.
Esse post é socialmente reprovável.


Meu coração e meus passos
Andam em círculos atrás do seu rastro
Meus pés e meu peito e no meu pulso direito
bate o seu atraso
Será que você... meu bem?
Será que você não vem?

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Hoje saiu a lista de oferta de algumas disciplinas de outros departamentos da UnB.
Meu Deus, o que eu estaria fazendo aqui nessa sala de estágio burocrático???

Nardi, se você sair do estágio em 11 de agosto de 2008, eu saio também!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Bases metodológicas para um artigo

A história da sexualidade foulcautiana para a pesquisa jurídica. Um tema de monografia?
Eu sempre penso que o direito nos termos kelsenianos não se trata de ciência, mas de filosofia. Ciência é empirismo, é observar as produções (humanas? naturais?) no mundo visível, na análise prática das coisas.
Assim, a dogmática jurídica não é, para mim, uma ciência. É uma tecnologia ética, uma busca semi-inconsciente pelas construções de um ideal, que normalmente chamamos de justiça. Não seria, necessariamente, justiça, mas talvez segurança, ordem, progresso. O Direito tecnológico é seria essa busca. Luhmann, nosso queridinho Luhmann, falaria em "estabilização de expectativas". Talvez seja bem isso.
Mas como desenvolver a dogmática jurídica como técnica de alcance aos ideais? Acho que aí surge a tl da experiência jurídica, a construção de memórias temporais, a análise das causas de formas de análise de nossas normas. Mas é necessário a experiência, assim como é importante observar.
A ciência do Direito não é dogmática jurídica, é sociologia jurídica.

E aí eu procuro um saber (positivo?) sobre a influência da dogmática jurídica na sociedade. Trata-se de uma possibilidade, apenas. O Elias Diaz do zé geraldo apresenta-se aqui como algo interessante. A sociologia jurídica é o estudo das relações entre direito positivo e sociedade. Na verdade, eu iria mais longe: A sociologia jurídica é o estudo da dogmática jurídica prática, para conseguir chegar aos ideais de justiça, segurança ou qualquer outra coisa. Os ideais de estabilizar expectativas.

Assim, emerge-me um leque imenso de temáticas para a sociologia jurídica que eu gostaria de fazer: A moralidade administrativa é um aspecto positivado no direito brasileiro, que busca acrescentar o aspecto do certo e errado para o mundo legal. As relações entre os agentes carcerários brasileiros estão restritos ao aspecto moral, de certo e errado? Qual é a cultura das práticas da administração através dos servidores públicos, agentes carcerários? seriam eles filosoficamente consoantes a idéia de certo ou errado a lá kant, ou é uma perspectiva mais maquiavélica, de meios justificando fins?
Sociologia jurídica é prática política para desenvolver o direito.


As mais belas palavras são ditas para você escutar, compreender, descartar. Venha, dance comigo, pegue na minha mão e dê uma giradinha. Pensei que era uma dança, e a carência me dá um novo sentido a nossa dança – a dança é um momento de toque.
A pele é quente demais e isso me arrepia. Te ver é pensar em amor.
Mas pergunto como está sua vida e você me conta muito pouco sobre ela. Esquece de tantos detalhes que eu fico investigando E descubro: você não me falou sobre isso!
O isso-não-falado é momento de conspiração; são outras façanhas que me feriria. Hide and seek.

Falar em inglês é esconder (nossas) identidades.

PS: Estou me sentindo repetitivo. Acho que tenho de ler outras coisas. Nada soa interessante.

terça-feira, 17 de junho de 2008

A estética

"Eu comi sua namorada. E sua mãe também".
Palavras baixas, cenas beirando a pornografia, mas um filme muito, mas é muito humano. Estupendo, soberbo, tudo, tudo! Um dos melhores filmes que eu já assisti!

Essa aqui é uma dica de filme


sexta-feira, 13 de junho de 2008

O último poeminha sem nexo

pois é, não deu para te dar
deixa assim, como está, sereno porque eu não tenho coragem de te perder
pois é de Deus tudo aquilo que não se pode ver, e você só vê através Dele
e ao amanhã a gente não diz, mas amanhã eu vou te ver
e ao coração que teima em bater, porque amanhã eu só vou te ver

avisa que é de se entregar o viver, entregar qualquer coisa

pois é, até onde o destino não previu, pena que eu não sei o que ele previu
sem mais, atrás vou até onde eu conseguir, espero com certeza conseguir

deixa o amanhã e a gente sorri, eu já fico por satisfeito
que o coração já quer descansar, na verdade ele quer pular
clareia a minha vida, amor, no olhar. você já clareou
clareia a minha vida, amor, no olhar. você já clareou

Marcelo Camelo Alexandre Fernandes

terça-feira, 10 de junho de 2008

nada é óbvio.
doeu.

sábado, 7 de junho de 2008

Descriminantes putativas

Descriminar a discriminalização.
Descrimine, discrimine. Coma, alimente-se, ame, desame, sonhe, cante, recante, pense, pare, mexa-se e mova-se.
Portos, postos, dentro, amarras, amares, amarelos, amargores. Calypsos, poesias, postes, cores e rancores. musicas, milagres, mil asas, rosas, Guimarães....

vou estudar penal.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

escrevi um post imenso.
Li, apaguei.
Aqui não é varal para se estender roupa.

sábado, 31 de maio de 2008

Piadinhas infantis

1ª Piadinha:

Fale bola e gato, em inglês, seguidamente.


2ª Piadinha

Vire o rosto pro lado, prenda as bochechas com os dentes e olhe para cima.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Este não é o começo da felicidade, é a felicidade.

Nos fins de semana, éramos 7. Pai e mãe estudantes, 5 crianças.
Vivíamos em Recife, porque meu pai estava estudando na Universidade Federal de Pernambuco desde 1995. Minha mãe entrou na onda e se propôs a estudar também, entrando no mestrado em 1997.
Meu pai era um estudante com alguns bicos, minha mãe era uma estudante que vivia mais tempo em casa. Nós saiamos todos juntos no fim de semana, pois éramos crianças.
A vida era mais pobre, mas não acho que tenha sido ruim. O apartamento era pequeno, a televisão ficava pifada durante meses.
Fim de semana era rotina. Sexta-feira era dia de descer para o térreo e brincar com Rogério (um japonês que morava no 504), e Thiago e Vítor (moradores do 406). Marcela (do 503) morou lá por 2 anos; foram bons momentos conviver com ela.
Sábado era dia de brincar também: Andar de patins, jogar futebol na rua, zerar Lara Croft. De vez em quando assistíamos Planeta Xuxa, que era um programa muito bom, pelo menos para os meus padrões daquela época :P. No mesmo sábado, ao anoitecer, íamos ao Shopping Center Recife. Dava 22h00 e íamos fazer o passeio noturno: Praia de Boa Viagem, Pina, Ilha do Recife, Santo Antônio, voltar para a Várzea.
Domingo, cedinho, era o melhor momento de fazer as tarefas de casa. Mas eu sempre me esquecia de fazer, ou deixava para o último momento. Íamos almoçar em restaurante, depois fazíamos algum passeio meio away pela cidade. E ficava com dor na consciência, porque eu tinha tarefa de casa para segunda-feira.

Hoje moramos em Brasília. Meu pai é trabalhador demais, minha mãe não fica em casa durante tanto tempo. Meus irmãos cresceram, cada um fica com suas atividades específicas. Eu também tenho minhas atividades específicas, fora do círculo familiar. Painho nunca mais saiu pro shopping com a gente. Quando sai, é bem rápido, sempre com o tempo contido.
A gente nunca almoça em restaurante.
Não acho que morar em Brasília deu unidade a minha família.
Mas o mundo muda e a gente tem de construir a felicidade através disso.
Por isso que eu não vou mais estudar à noite durante 5 dias. Atrasarei o curso, pois eu vou é atrás de qualidade de vida, qualidade de afetividade. =)
Alexandre

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Remix

Falar sobre a morte é falar sobre a vida.

"- Por que você matou a personagem principal?
- Para os outros terem razão para viver."

KIDMAN, Nicole. Virginia Woolf In: DALDRY, Stephen. The Hours. Paramount Pictures : Hollywood, 2003.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Terezinha de Jesus

Terezinha de Jesus deu uma queda
Foi ao chão
Acudiram três cavalheiros
Todos de chapéu na mão
O primeiro foi seu pai
O segundo seu irmão
O terceiro foi aquele
Que a Tereza deu a mão
Terezinha levantou-se
Levantou-se lá do chão
E sorrindo disse ao noivo
Eu te dou meu coração
Dá laranja quero um gomo
Do limão quero um pedaço
Da morena mais bonita
Quero um beijo e um abraço

xxx
O primeiro me chegou como quem vem do florista
Trouxe um bicho de pelúcia, trouxe um broche de ametista
Me contou suas viagens e as vantagens que ele tinha
Me mostrou o seu relógio, me chamava de rainha
Me encontrou tão desarmada que tocou meu coração
Mas não me negava nada, e, assustada, eu disse não
O segundo me chegou como quem chega do bar
Trouxe um litro de aguardente tão amarga de tragar
Indagou o meu passado e cheirou minha comida
Vasculhou minha gaveta me chamava de perdida
Me encontrou tão desarmada que arranhou meu coração
Mas não me entregava nada, e, assustada, eu disse não
O terceiro me chegou como quem chega do nada
Ele não me trouxe nada também nada perguntou
Mal sei como ele se chama mas entendo o que ele quer
Se deitou na minha cama e me chama de mulher
Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não
Se instalou feito posseiro, dentro do meu coração

Unindo os dois textos, Teresinha tinha como pai um babão, o irmão um beberrão, o noivo um garanhão.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

"AIDS"

João era um adolescente de 16 anos, estava com uma tosse infindável.
"Meu Deus, o que eu tenho?" pensava. Será que era AIDS?
Pensava que a sua vida iria decair a partir de então. Que não poderia ter filhos pois contaminaria sua esposa, que não teria esperanças de viver mais do que os 30 anos, a não ser que até lá inventei novos milagres da medicina.
Já estava se preparando para pedir o exame de HIV.
Mas então percebeu: "ah, eu sou virgem". Não deve passar de uma gripe.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

A morte

Ontem à noite, quando estava pronto para dormir, escutei o barulho do telefone. Era já meia-noite e meia, e eu sabia que telefonema naquela hora não significava grandes alegrias. A urgência, talvez, seja tamanha que não se conseguiria esperar até o amanhecer. Claro, era a morte.
-Alô.
-Alô. Dona maria está?
-Está sim, mas ela está dormindo.
-Pois então diga que Jacinta, mamãe, morreu. (falou morreu como se gritasse um choro).
-Tá certo.
Desligou na cara.

Meu pai veio perguntar quem era. Aí eu disse que não sabia, mas que Jacinta tinha morrido.
Meu pai se espantou: “Jacinta? Ah... Jacinta...”. Não, não era a Jacinta a tia dele, era a prima da minha avó, a sogra dele.
Fiquei de levar meus avôs para a casa dela em Sobradinho. Acordei cedinho, dei as instruções para o povo que iria para Itapoã, fui em direção a Sobradinho.


Depois eu continuo.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

A "pseudo-ilusão"

1.A verdade absoluta: Isso é um pendrive.
2.A ilusão: Isso é uma barata.
3.A pseudo-ilusão: Isso é um pendrive.
Logo
4. A verdade absouluta é uma pseudo-ilusão.

No mais, esse dia frio e meio chuvoso, nublado e cinzento, mas nem por isso menos ensolarado, estava lindo. Hoje estou bem contemplativo.
O mundo está bonito.

quinta-feira, 1 de maio de 2008


Eu tentando esconder minha cueca. Marco registrado do pudor de Alexandre

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Despacho 16.04/2008

Assunto: Juricidade xandelística neste Semestre
Interessados: Alexandre e os filhos de Eva

Senhores Chefes,
Em consonância com o Plano de Trabalho deste Blog, exercício 2008, este processo foi selecionado para análise, utilizando-se da técnica de amostragem, a fim de verificar se Alexandre é o que ele pensa ser, se é o que é que ele não deseja estar.
2.Aferiu-se nestes autos a mudança do pensamento jurídico de Alexandre, pois esse se encontra em formação diante das adversidades que ele possui, diante das ideologias jurídicas diversas a qual ele é submetido
3. Destaca-se, às fls. 03/09, que Alexandre agora é um estagiário na Secretaria de Controle Interno do Superior tribunal de Justiça, fato que lhe faz tomar contato com certas formas processuais bastante importantes para a tecnologia jurídica. “Direito adquirido” e “ato jurídico perfeito” fazem cada vez mais sentido. Além disso, o contato com o serviço público lhe fez pensar idéias de que há possibilidades de eficiência na administração pública, por mais que seja bem menos louco o capitalismo selvagem do setor privado. Ele, aparentemente, fica feliz diante disso.
4. Quanto aos componentes curriculares do seu curso na Faculdade de Direito da UnB, Alexandre encontra-se relativamente contente com as matérias que tem feito, pois tem as suas expectativas atingidas. Isso, no entanto, não significa satisfação.
5. O Direito Penal tem se mostrado uma atividade relativamente divertida, pois suas perspectivas legais apoiadas no mundo Moderno, de decisões corretas e normas facilmente interpretáveis, lhe dá um bafo de ar de esperança. Não que ele concorde com isso, mas lhe é feliz.
6. Quanto a Direito constitucional, uma nova perspectiva lhe tem mostrado que a argumentação jurídica é o que adianta nas atividades judiciárias, pois é através de argumentos (falaciosos ou não) que é possível fixar formas de interpretação normativa. Obviamente, esse percebe que o ordenamento, que não é a soma das normas, tem uma atividade simbólica fundamental para “validar” a argumentação jurídica. A dica é: “A Lei é ferramenta para se ganhar dinheiro”, conforme disposto à fl. 12.
7. Às terças e quintas, o interessado recebe duas aulas de mediocridade, de leituras de códigos, comentaristas, glosadores bobões. Em falar em glosadores, a História do Direito se contradiz pelos pressupostos metodológicos, na idéia de que não há um conceito de Direito. Mesmo que isso não seja verdadeiro, o interessado mostra insatisfação.
Dessa forma, observados os atos praticados sob os aspectos legais, opina-se pela validade dos procedimentos realizados, com sugestão de envio dos autos a postar no http://www.vermelhoeazul.blogspot.com/, para a publicação no diário oficial.

Em 30 de abril de 2008.

Alexandre Jorge de Medeiros Fernandes
Estagiário

De acordo.
Encaminhe-se como proposto.


Em 30 de abril de 2008.

Diego Nardi Nepomuceno
Chefe do Vermelho e Azul

Assinado por: Alexandre Jorge de Medeiros Fernandes
Chefe do Vermelho e Azul, em exercício

sábado, 26 de abril de 2008

Brincando de boneca

Num dos meus momentos almodovarianos, de pesquisas empíricas sobre gênero, sinto uma percepção hobbesiana das mulheres nas relações sobre homens. Carrinhos e bonecas, meninos e meninas, cada um com a sua brincadeira.

As meninas falam de suas barbies e as histórias que elas vivem. A Barbie namorava o Ken, e um dia ela descobria que o Ken estava com outra. Que droga, ela pensava. Acabava o namoro, chorava alturas, ficava muito triste. Mas ela é uma grande mulher, ela vai dar a volta por cima e se tornará uma mulher solteira bem sucedida. O Ken, percebendo que ele, apesar de ser homem, não poderia sucumbir a infidelidade com aquela baranga, volta atrás da Barbie. E a história de um homem infiel, porém arrependido, consubstancia uma relação mais forte, beirando a vassalagem amorosa. A Barbie perdoa, assim, e vivem felizes para sempre.
O maniqueísmo não permite tornar o homem o inimigo. Ela o ama, a merda que ele faz é perdoável. A mulher amante, não. Ela é a traidora, a sedutora.
As historinhas voltam, a traição é miopizada.

Minha mãe sempre se disse feminista, participante do grupo de estudo da UFPE de Família, gênero e sexualidade (FAGES). Talvez por isso que eu veja essa reprodução do Ken arrependido e do amado soberano como algo altamente reprovável. O homem não é o único machista, realmente. As mulheres reproduzem isso de maneira tal que nem percebem.
Esse discurso de "ele trái porque é homem" propõe a gênese dos sexos: a mulher como a devidamente castrada, educada e civilizada, enquanto o homem é o animal, o instintivo, o da cabeça de baixo.

Vejo meu avô Fernando ensinando ao meu primo de 1 ano e meio a pegar no pinto dele. Minha avó Paé não fala para a minha prima de 1 ano "cadê sua xerequinha, Júlia?". Vou ensinar a minha prima a pegar na xereca dela. E dane-se se ela for uma quenga mirim, porque o meu priminho será um galãzinho.

Não, não farei isso. Mas que a sexualização das crianças masculinas são iniciadas mais cedo, são. E a moralidade da fidelidade, não.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Escarra na boca que te beija

A mudança de ambiente lhe mudou as expectativas que tinha sobre si. Às tardes, não era mais possível ficar à toa em casa, assistindo a TV, mexendo no PC. Agora, era um estagiário.
Mas, naqueles momentos de convivência com pessoas alheias, percebeu que pouco poderia fazer as ações que lhe daria prazer transgressor. Ora, o estágio é para conseguir potencializar os prazeres que tinha, apesar de bem menor seu tempo para provê-los. Bobagem, talvez, pensar assim, porque temos todo o tempo do mundo. Todos os dias antes de dormir... e lá se foi a música da Legião Urbana.
Mesmo assim, ele estava na frente do seu computador, incapaz de ver pornografia. Seu desejo nem era esse, aliás, mas ele sabia que, potencialmente, era possível fazer isso. Sentiria seu corpo metamorfizado, simbolicamente emitindo “eu tô vendo putaria na internet!” para quem olhasse para ele, independente se visse a tela do computador.
E numa evasão para a loucura, tira a camisa e anda por cima da mesa. E realmente expõe sua loucura, sua falta de bom senso. Bom senso que é construído fora dele.
Se bem que ele queria escrever um conto erótico, mas sua loucura já era excitante para pessoas alheias.
Eu não sei como eu tive coragem de postar esse texto.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Satisfação: Prestação e/ou espíritp

Parece que o amor chegou aí. Parece que o amor chegou aí. Eu não estava lá, mas eu vi. Eu não estava lá, mas eu vi.
Vai ver o acaso entregou alguém pra lhe dizer o que qualquer dirá. Parece que o amor chegou aí. Parece que o amor chegou aí.


Os versinhos transformados em prosa, sussurrados ao trabalho administrativo, na lembrança de uma música tristonha e melancólica.
A lembrança de uma viagem a Chapada Diamantina. De uma viagem de ônibus suada e desconfortável, de surpresas aos familiares natalenses, que não sabia que eu estaria em Janeiro de 2006 naquela cidade. Fui a Natal sem as pessoas saberem, despreparado para ir para lá. Passou-se pouquíssimo tempo, aliás. Mas foi a melhor viagem a minha cidade.
Mas hoje eu estou enrolando o Superior Tribunal, com um processo para concessão de benefícios aos servidores, só que não com muito saco para terminá-lo. Sim, funcionário público latu sensu, mas rendendo menos do que eu seria capaz, apesar de não achar que sou remunerado para mais do que eu faço nessa minha eficácia/eficiência verminosa.
No mais, o estômago desce mais rápido do que eu queria que ele caísse, e o medo ta chegando, os pêlos do braço se arrepiando, a atenção desatenciosa. E é em Brasília.

Depoimento de um vestibulando seriado

"Assim, foi a melhor coisa que a UnB fez, porque tira os alunos que foram bem no ensino médio, se dedicam. É uma chave, a porta. É mais fácil entrar. Não precisa sair no peneirão que é o vestibular, daquele... a quantidade de candidatos que estão há anos se preparando, enquanto você só fez seu ensino médio bem, não precisa enfrentar o vestibular. Sábado o povo vai ta fazendo vestibular, eu vou poder estar descansando e entrar pra um dos cursos mais concorridos. Pow, indiscritível, ainda mais que hoje é o meu aniversário. Então.. não tem... dá vontade de chorar! Sorrir, gritar..."

segunda-feira, 21 de abril de 2008

só falling in...

Por uma nova idéia de felicidade

Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar....


domingo, 20 de abril de 2008

I think I'm falling in...

terça-feira, 15 de abril de 2008

Garçon, um copo de leite

http://www.youtube.com/watch?v=qX_4A6d_Q-U

sábado, 12 de abril de 2008

A greve não acabou

Esse post é em resposta ao post que tá em cima. Os horários foram invertidos.


Vou tentar ser racional.


Pensar na universalidade dos objetivos da sociedade para com nossos estudantes é algo de extrema dificuldade. Será que realmente eles não estão agindo de acordo com "os objetivo intelectuais"? Nardi, uma coisa que eu aprendi na UVE, ong que nós participamos, é que os processos de aprendizagem intelectual estão longe de ser exclusivos de uma sala morna, de diálogos simples. A revolta da juventude estudantil é tamanha que, se a UnB está assim, não é assim que queremos que ela esteja. Acho que, inclusive, a opinião pública não se ver "danada" ou "prejudicada" com essas atividades que perturbam de imediato a finalidade da UnB. E estamos aprendendo uns bocados com isso!
Aliás, pensar que processos democráticos são aqueles que agem sem coação/coerção é algo extremamente enganoso. A galera glorifica Gandhi por ser da paz, mas pouco entende que a coerção surge pelas mãos de outros. Gandhi não pressionava o governo inglês, ele pressionava o povo indiano e comunidade internacional para pressionar o governo inglês. E cá entre nós, a liberdade negativa dos ingleses foi bastante suprida.... "Gandhi, seu extremo autoritário!" ¬¬
E volta-se a questão do nexo causal: Na UnB, corre-se milhões de reais. Os estudantes quase acabam com 10 mil reais? Eu poderia muito bem falar "é algo insignificante". Mas mentira, 10 mil reais da palestra canadense é dinheiro pra caralho mesmo. A hora aula de um professor que tava dando aula na UnB é em torno de 80 reais. Pense na quantidade de dinheiro gasto.
Numa visão imediatista, é óbvio que estamos sendo "anti-econômico", estamos "agindo de maneira igual ao que combatemos". Mas existe uma crença de que, mesmo interrompendo esses gastos bem utilizados, vamos conseguir que os outros recursos da UnB se tornem bem alocados.
Pense bem: Se não houvesse mal gasto dos recursos da UnB, será que haveria tal manifestação, com aderência de gente suficiente para interromper toda a FA?

Eu ainda acredito que a greve dos estudantes é algo bastante democrático.

No mais, acho o discurso de quem se diz contra a greve dos estudantes extremamente de mau gosto quando toma o movimento estudantil nas décadas de 1970 e 1980 como se fossem geral. Esquecem eles que havia uma massa imensa de estudantes alheios ao movimento, pessoas que estavam contrárias ao movimento anti "ordem". Melhor se espelhar nesses...


sexta-feira, 11 de abril de 2008

Inovar é preciso, viver é impossível

Hoje eu me lembrei de uma redação que eu escrevi na minha infância. Fazia minha 3ª série e a professora propôs um exercício: Cada um deveria escrever uma redação com o tema das festas juninas. A melhor redação irá ser o texto para ser interpretado na prova de língua portuguesa.
E o que uma criança de 8 anos da infância recifense escreveria sobre o tema? "A festa junina tem três santos: São João, São Pedro e Santo Antônio. Tem fogueira, bandeirinha, comidas típicas como pamonha, canjica e milho assado. Todo mundo dança forró, enquanto a banda toca músicas sertanejas".
Eu fui numa linha contrária. Fui contar uma história sobre o porquê das fogueiras de São João, qual era a relação de João com Jesus Cristo, por que o rei queria matar Jesus. Engraçado que eu não lembro o que tem a ver muito entre os dois, mas eu sabia naquela época.
Então aconteceu de eu me preocupar em escrever na redação o nome do rei: eu não sabia! Lembrei dos reis bíblicos que tinha e acabei por colocar o nome dele de Davi. Não era Davi, era Heródes.
Foi quando a professora chegou a mim e disse "Olha Alexandre, a sua redação foi a que eu queria colocar, mas o rei não se chama Davi".
Eu fiquei extasiado com o elogio e fui buscar o nome do rei da história. Pesquisei na barsa e consegui tirar uma xerox do texto que comprovava o nome do rei. Então eu fui mostrar a professora no dia seguinte: tarde demais, ela já tinha colocado um outro colega meu para colocar a redação dele.
E a redação foi sobre as bandeirinhas e comidas típicas, na beleza da infância daquela criança. Poderia ter dito agora que fiquei traumatizado quanto a isso. Mas mentira, não fiquei não, talvez só um pouco triste.
No ano seguinte, minha outra professora propôs o mesmo tipo de exercício, na qual a redação seria o texto da prova. O tema era preservação ambiental. Eu ganhei como melhor redação daquela vez e ela foi o texto para ser interpretado. Dessa vez fui genérico o suficiente para não dar nomes aos bois.
Todas as minhas professoras do ensino fundamental, da 2ª e 3ª série, foram pessoas que eu me "apaixonava". Era algo meio maternal, não sei bem. Elas têm poderes mágicos nas crianças, tudo que elas fazem significam muito para você.

A história sem fim (você inventa o final)

A POSSE --- “A gente sujou o tapete com seu sangue”. Mas eu queria mesmo conquistar meus bens, coisas minhas. E o amor da minha mãe é meu. Tudo é meu, nada é nosso.

MÃE E FILHOS -- Abriu a porta do apartamento e viu o móvel central da sala de estar quebrado. Alguns cactos do centro no tapete da sala ficaram, mas boa parte daquele vidro já não se encontrava lá. Seus filhos estavam sentados no sofá em frente ao que quebraram, com a cabeça levemente baixa, mas os olhos apontados para a sua mãe, com sorrisos de gente triste. Sorrisos de arrependimento, de culpa (e medo também). A mãe ficou parada a frente da porta.

- Mas Maria e Guilherme...

- Mãe-iá, a gente está bem.

-E vocês ainda sujaram o tapete.

-É que Mariazinha se machucou. Ela pisou no vidro.

Quando percebeu que era sangue, fechou a porta e foi se aproximando mais dos filhos. Viu o pé de Maria Luísa cortado, mas com um band-aid, enquanto Guilherme estava queixando-se de uma dor nas costas. Era pouco sangue.

domingo, 6 de abril de 2008

Orientações metodológicas para o Blog

O medo de mostrar vazios metodológicos me fazem reafirmar o blog como um espaço de discussão acadêmica, não minha. Fui formulando teorias de auto-conhecimento, mas tenho pensado que não é o mais adequado nesse momento:
Vamos ler Kelsen, Alexy, Dworkin, Popper, Kuhn, Evans-Pritchard, Levinas, Camus, Malinowski, Marx, Machado de Assis, Giddens, Luhhman, Gadamer, Habermas, Kant, Weber, Turner, Sahlins, Aristóteles e Platão. E mais alguns autores brasileiros.
Vamos falar de Direitos humanos, de direito, de justiça, de felicidade, de tristeza, de auto-conhecimento, de magia, de verdade, de mentira, de mundo, de universidade, de diversidade, de ideologia, de ciência, de sexualidade, de angústias.
Vamos escutar Diego Nardi pensar.
Vamos pensar o que Alexandre escuta.
Vamos esperar a Sinara reaparecer.
Vamos dar aos nossos leitores bons pensamentos. vamos buscar posturas críticas. Vamos resenhar, vamos brincar com nossos brinquedos filosofais.

sábado, 5 de abril de 2008

Seria eu um futuro reacionário?

As ideologias não se esvazeiam, elas são empurradas pelas novas.
Eu penso que nada expressa meu sentimento de hoje. Paráfrases e analogias poderiam surgir, mas hoje os versos são de um poeta português.

"Eu não sou eu nem sou outro
Sou qualquer coisa de intermédio
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o outro"
Mário de Sá Carneiro.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

E em suas fúrias de egocentrismo
seu caderno, escrevia:
Alexandre Fernandes
Alexandre Fernandes
Alexandre Fernandes
William Shakespeare
William Shakespea...

domingo, 30 de março de 2008

Eu nem sei se quero te ver...

Foi feliz minha sensação nostalgia, mista Caetano Veloso de infância. Acho que cansei das histórias gerais, melhor pensar os pequenos casos, mesmo que disso não se conclua nada. Não sei se teria aprovação nardiana em escrever assim, mas mesmo assim, eu escrevo.


Uma das minhas avós se chama Maria Madalena. Mas não foi assim que introduziram a pessoa dela para mim: O nome dela era Vovó Paé. Ela era uma dentista que fumava e trabalhava no centro da cidade, que meus pais visitavam todos os domingos à noite e que eu ia à casa dela assistir a Topa tudo por dinheiro. Vovó Paé é vovó Paé, não é Maria Madalena, quer dizer, ela é, mas não é.

Vovó Paé se aposentou por invalidez, pois ela tinha problema nas pontas dos dedos, pois não tinha sensibilidade neles. Ela foi uma dentista porque não conseguiu passar no vestibular de medicina, e isso refletiu muito na vida dela. Não que ela seja muito traumatizada por ser dentista, mas a retórica que ela faz da vida dela é que isso é uma frustração. E parece que esse desejo pela ideologia do médico como a profissão mais digna do mundo fez com que ela sempre desejasse aos seus filhos e netos seguir essa profissão. “ah, eu acho antipático advocacia”, “ah, desenho industrial é sem futuro”, “eu sempre achei que Juninho seria médico”. Juninho, meu tio, é o filho dela que virou dentista. Nem acho que isso seja orgulho dela, de um filho com a mesma profissão. O orgulho que ela tem do filho é muito mais pelo homem que ele é, pai de família respeitoso e bem-sucedido, bom filho, não por ser dentista.

Vovó Paé também é uma pessoa que guarda muito o que as pessoas falam, fazem ou deixa de fazer. Muito rancorosa, até hoje ela guarda que eu disse que ela parecia com “Laura Cardoso”, uma atriz velha que fazia “Mulheres de Areia”. Toda vez que ela passa na TV ela lembra de mim. Vovó é vaidosa, não gosta de envelhecer.

Vovó Paé é uma pessoa que eu gosto de me deitar junto na rede, mesmo que ela brigue comigo com medo de morrer da queda que meu peso provocaria na rede. E catucar o umbigo dela, e falar sobre as besteiras da vida. Ela as vezes me chama de colher de mexer merda.

Vovó Paé se chama Paé porque quando criança ela, em vez de falar “Para eu”, ela falava “Pa é”. E ficou esse nome nela. E a irmã, quando nasceu, ela a chamou de “Paé-mais”. Mesmo assim, o apelido que vingou foi o de minha avó.

Vovó Paé nasceu em São José do Seridó, em 1942. Ela casou com meu avô em 1961, aos 19 anos. Ela teve cinco filhos, minha mãe é a terceira. Eu sou o terceiro. Minha avó é a terceira também, apesar de, entre o segundo filho e ela, ter morrido três bebês.

Vovó Paé está vindo a Brasília nos visitar. Estou feliz com a vinda dela. Espero está suficientemente feliz para dar as devidas atenções a ela.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Os Argonautas

"Quando eu chego em casa nada me consola: você está SEMPRE AFLITA... Você é TÃO BONITA". Lembro da esposa do meu tio com seus cabelos bastante volumosos, com um copo de cerveja na mão, abraçada ao meu tio cantando esses versos. A música tocava na vitrola, na frente da casa da minha avó, dando para a principal avenida de Natal. Eu deveria ter 5 anos e ver aqueles momentos de som alto, de pessoas conversando e o movimento da festa da Esmeralda fazem dessa memória algo bastante nostálgico, e feliz também.

"Princesa, surpresa, você me arrasou. Senhora, e agora?". O quintal do Domingo naquelas tardes de uma Nova Descoberta pobre. Um quintal imenso e cimentado, local de andar de cueca, brincar com o velocípede, correr atrás dos coelhos criados para comer. No fundo do terreno, nos quartinhos pequeninos, um computador de tela verde com uma estante "altíssima". Essa música tocava na vitrola de maneira mais do que usual. Painho sempre curtiu Caetano.
Nova Descoberta continua um bairro pobre, de ladeiras ingrimes e pessoas que se encontram na rua. O quintal imenso e cimentado é curtido por novos inquilinos. Última vez que passei por lá a frente onde eu plantava meus pés de feijão estava mudada, talvez para pior. Achava aquela casa tão bonita, tão grande. Talvez minhas dimensões não fossem suficientes para mostrar o real tamanho daquele local.
Parei de andar de cueca pela casa aos 6 anos. Há uma foto minha que mostra a transformação do meu pudor: Eu andava em casa de cueca sempre, mas meu pai quis tirar uma foto minha e dos meus irmãos juntos, e eu fiquei com vergonha de tirar a foto de cueca. Que fiz? Sentei-me no chão e levantei as pernas para não mostrar a cueca. Eu começava a me sentir indecente.
O computador de tela verde foi roubado, uma lata velha atualmente. O cara foi preso, inclusive. Meu velocípede era de metal, as vezes era atropelado pela minha irmã, e machucava muito. Os coelhos, obviamente, morreram. E eu vi eles sendo mortos. Pauladas nas cabeças daquelas crianças fofas.

"Você é linda". Eu escutava essa música na TV, acho que era trilha sonora de alguma novela. Dias das mães, painho e eu fomos ao Hiper Bompreço comprar os presentes dos dias das mães. Não lembro muito bem o que ele deu, talvez tenha sido um eletrodoméstico, ou uma impressora, enfim, nao lembro o que era. Eu queria dar algo mais especial, acabei por pedir para ele comprar o cd do caetano veloso. Acabou que quem mais escutou o cd fui eu.


E hoje eu berro pelo aterro, pelo desterro, berro por seu berro, pelo seu erro. Quero que você ganhe, que você me apanhe. Sou o seu bezerro gritando mamãe. As aspas não são utilizadas no sentido de que esses versinhos expressam muito a minha vontade. Mas a autoria é do Caetano.

Uma ideia iluminada: Pensar o passado significa repensar meus sentimentos de nordestino. Mas parece que a minha identidade não é a de nordestino, de um potiguar em metamorfose pernambucana, de uma criança que viveu seus primeiros seis anos num bairro relativamente pobre. Eu não consigo mais me identificar com esses sentimentos... talvez eu seja um nordestino no meio brasiliense em busca de uma identidade profissional e de auto-estima também...
Feliz, acho.

domingo, 23 de março de 2008

A metalinguagem por si só é a estação dos sem inspiração. Desenvolver por lá o que não é capaz de desenvolver por além disso é uma atividade extremamente engrandecedora, útil e por demais divertida. Eu adoro a metalinguagem.

Fica nesse limbo, ela faz bem.

Mas ainda acredito que não seja falta de inspiração, mas de identidade.

E eu tô catucando a ferida, e consegui algo que fazia mais de dois meses que não acontecia: O Nardi escreveu no blog.

Sim, eu sou sensacional (e egocêntrico por tabela).

sábado, 22 de março de 2008



Por mais que eu seja rabugento, essa foto me tirou o fôlego

O Homem revoltado

Dizia um autor na sua existencialidade que o vento sopra no alto da montanha. A minha leitura desse autor é mínima, inconveniente, superficial. Não sou existencialista pelo autor, nem sei se posso me classificar como existencialista. Mas se auto classificar como tal apenas me exporia uma identidade fixa o suficiente, então não tô a fim de dizer isso, apesar de tudo.

Mas a revolta chega. A gênese dela está aí, nas emancipações mal intencionadas, na crença de que não há mais nada em comum. Eu, bloguista. Depois surge a idéia de que eu não gosto do que ele escreve. Ele escreve só merda. Ele é um idiota nas idéias. Ele não tem nada a ver comigo. Ele é verde, eu sou amarelo. Eu vou me revoltar, e não vou matar minhas idéias, eu vou continuar. Vou fundar outro blog.

Infelizmente ele se esquece de que a gente se propõe a isso: O roxo já se foi há muito tempo, o vermelho e o azul ficou. Não sei se o predomínio é vermelho, se é azul, não sei se sou qualquer um desses.

A intenção fica subentendida.



PS.: Melhor ficar chateado com seu amigo do que com o seu conhecido, há menos risco de se machucar.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Eu aguento até os caretas e suas verdades perfeitas

Quando a gente compara pais e filhos, esses com seus 20 ou 30 anos, aqueles com 40 ou 50 anos, a sensação é que a geração mais nova tornou-se mais saudável, que envelhecerá de maneira mais bonita. Enganado fico por não projetar o corpo jovem ao corpo dos ancestrais, porque a juventude é bonita porque a juventude é juventude.

XXX

O politicamente correto e a antropologia de gabinete: teoria para formação de pré(pós)conceito.

Eu respeito tiranias
É, política da autodeterminação.
Eu não condeno mentira
Porque eu condeno a verdade
Eu não condeno vaidades
Politica da autodeterminação [2]
Eu não gosto do bom gosto
O bom gosto é reflexo da superestrutura
Eu não gosto dos bons modos
é reflexo da superestrutura [2]
Eu gosto dos que têm fome, dos que morrem de vontade, dos que secam de desejo, dos que ardem
É, eu gosto da alteridade. e gosto de mim também.

(adriana calcanhotto - Senhas)

quinta-feira, 6 de março de 2008

Pensamento de avaliação seriada

[PENSAMENTO 1]Pensar na desgraça dos outros como sua vantagem é maldoso.

[PENSAMENTO 2] O Fredão é tão lenda como professor que fiquei com medo de pegar qualquer matéria. Deixei para lá Métodos e técnicas em antropologia social. Que faço agora?

[PENSAMENTO 3] Daqui a pouco eu vou-me encontrar com o Nardi no Pizza Hutt. Ele não está escrevendo no blog ultimamente. O que será que ele tem?

[PENSAMENTO 4] Ficar falando de assuntos tão pessoais provavelmente distancia de todos os aspectos pertinentes a um blog que se propõe reflexões. Saber da “vida alheia do Lez” é pouco comparado às possibilidades de reflexão, tornando-se apenas “descrição prepotente”.

[PENSAMENTO 5] Para possibilitar uma devida reflexão, apresento uma nova forma de pensamento: A inclusão do reflexionista (filósofo? Cientista?) nas questões a que se propõe a responder. Há reflexão na descrição. Uma possível reflexão é que eu vejo meu mundo como um show. Talvez eu seja parte de uma cultura do entretenimento?

E por último [PENSAMENTO 6] Sobre o pensamento 2, fiquei observando a reação de algumas pessoas quando eu consegui pegar teoria geral do direito penal. “Eu consegui penal!”, bradando a alguns que conseguira. Os que não conseguiram provavelmente olharam para mim e eu pensei que essa pessoa teria pensado “como é que esse idiota conseguiu matéria e eu não?”. Mas não, o pensamento não é assim. Constrói-se, primeiramente, aquela noção sobre a pessoa Alexandre, a de um otário e idiota e depois uma sensação de inveja. “Ele conseguiu, eu não”. Acho legal dizer que “Como é que esse idiota conseguiu matéria e eu não” é diferente pelo processo psíquico “Alexandre é um idiota” somado a “ele conseguiu, eu não”. Sutil, mas diferente.

segunda-feira, 3 de março de 2008

American Idol

Hoje eu me senti no american Idol. Não, eu nao sou um bom cantor, eu nao canto, eu grito.. hehehe...
Fui fazer uma entrevista de estágio na qual havia apenas dois candidatos. Danilo e Alexandre. Fomos ao setor de estagiários do STJ (supremo tribunal de justiça), esperamos sentados pela moça nos levar até o possível local que iriamos trabalhar, caso fossemos selecionados.
Fomos juntos e fizemos a entrevista com o supervisor. Por meu nome começar com A, fui o primeiro entrevistado. depois foi o Danilo, separadamente. Depois fizemos juntosuma entrevista com uma mulher do local. Ela, então, disse que deveriamos voltar para o setor de estágio e esperar lá. Ela telefonaria e informaria quem seria o estagiário mais.

E aê chegou o momento american idol: -Alexandre... você fica. Danilo, a gente te liga caso haja nova vaga.

E agora eu sou estagiário do Superior tribunal de justiça.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Reach for the top, she said, and the sun is gonna shine

(continuação do conto abaixo)

Pensou em meios e meios para escrever um texto em que ele se incluía, mas que ao mesmo tempo não exponha seus desejos (sexuais?) e suas vontades; ele era às vezes tão transparente, mas queria mesmo manter certo “eu obscuro”, que ninguém visse. Pensou se a alegoria da fantasia era o alvo mais fácil de fugir dessa exposição que ele teimava em fugir. Sim, a alegoria da fantasia foi o meio que ele seguiu. Talvez, depois de um determinado parágrafo, que ele não tem coragem de dizer qual página é, já que vai depender muito da formatação que ele tenha, e deixar um espaço em branco (____) para que o editor do texto preencha de acordo de como a crônica dele vai ficar, pois a literatura é intangível. Por enquanto, ele lança a idéia: A fantasia começa na página dois.

Ele sai da frente do computador. Uma barata carrancuda se aproxima da cadeira dele, ele procura a sandália do irmão que ele usa para matá-la. A baratinha de Kafka, a mesma que sua irmã de 12 anos leu, inveja que ele tinha dela. Pensou em reclamar para a sua mãe em dedetizar a grama, porque era absurda a quantidade de barata durante esse período chuvoso. Simplesmente matou e ainda deu um grito com misto de risada “Toma sua desgraçada!”. Voltou ao computador e escreveu “Poxa, como falar isso soa machista”. Não importa, era melhor arrumar as malas. Para quê escrever um conto?

Mas ele escreveu e foi ao guarda-roupa: Olhou as roupas que tinha comprado com sua mãe no shopping, lembrou que passaria o ano novo de vermelho. Lembrou do reveillon de 2004/2005, quando também passou de vermelho. Dizia “quero muito amor!”, transparecendo no seu discurso aquela vontade de conseguir transar, afinal de contas, estava entrando no segundo ano do ensino médio, enquanto boa parte dos seus amigos já tinha “comido uma menina” e ele encontrava-se cheio de segredos e mentiras para esconder sua ausência de atividade sexual. Era feio ser virgem, ainda é. E não, no conto que ele escreve ele não conta sobre a sua vida sexual, agora que tem 18 anos (quase 19).

E arrumou as malas, com todas as roupas que comprou, com as cuecas encardidas, com o calção de praia que utilizará para tomar banho de sol. E esse ano ele tomara bem menos banho de sol, com medo que seu ouvido inflame da água do mar, com vergonha de mostrar seu corpo que se arredondara nos últimos nove meses. E ele dá uma risadinha quando escreve suas vergonhas, porque associa os nove meses da sua falta de exercício físico ao aumento da sua gordura. Realmente as camisas de um ano atrás estao mais arroxadas.

Lembrou que matou a barata, saiu da sala onde estava seu computador, foi ao seu quarto, arrumou a mala. Recapitulou um pouco os seus pensamentos durante aquele momento, escreveu o texto mais uma vez e começou a revisá-lo. Começou a pensar, durante esse meio tempo, os comentários que viriam, o que já tinha lhe dado certo entusiasmo: Realmente Alexandre, você é egocêntrico, mas merece palmas por seus textos. E revisou. Retirou alguns termos “e”, pois uma figura de linguagem que caracteriza seus textos, normalmente, é a tal da sindética.

Voltou ao texto apenas um mês depois, depois de viajar e ser assaltado e retornado. E não quis revisá-lo, apesar de ter feito isso. “Quem for ler esse texto vai se perder”, escreveu. Quem for ler esse texto vai se perder.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Conto para quem nao consegue estudar

Conto de alguém que não consegue estudar
Por Alexandre Fernandes
Para Mainha, a 3ª pessoa que leu esse texto

O texto foi revisado.
Ele pensou na metaliguagem para escrever. Lera um conto de um amigo distante, enviado por e-mail, quando subitamente deu aquela inspiração danada para escrever. Pensou em o que escrever: olhou os copos sujos que sua mãe tanto odeia que ele deixa na mesa do computador, um com fanta laranja e outro com chocolate em pó molhado pelo sorvete do final de semana.
Alexandre escrevia um conto sobre ele mesmo, com uma dor imensa por não estar estudando para a prova de Direito privado. Talvez a dor nem fosse imensa: Pensou, depois, num momento de revisão, que era bem aquela situação de dever por simples conformidade aos benefícios que poderia ganhar. Do lado dos dois copos sujos, tinha um caderno com as anotações da matéria, do constante pensamento de "odeio negócios jurídicos", e de um livro com as leis do estado brasileiro, o vade mecum, na qual havia escrito alguns comentários interessantes para fingir ter
insights legais, capazes de mostrar a professora que era digno de menções boas. Sua vontade era em saber o que faria nas férias, entediado de voltar à cidade natal, que, por acaso, se chamava Natal, local onde ele passaria, mais uma vez, as festividades do Natal. Sim, ele se achava imbecil em escrever essa frase com palavras repetitivas. Sim, ele foi pesquisar o nome da figura de linguagem para substituir palavras repetitivas. Mas não, ele não pesquisou, ficou com preguiça e olhou pro relógio para ver o que tinha escrito.
Esse mesmo Alexandre pensava em muitas coisas mais divertidas do que saber um artigo diverso do código civil. Ele pegara um exemplo de artigo para explicitar suas dores diante de tanta revolta, revolta que ele realmente nem tinha tanto, aos estudos de direito privado: "Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta". Foi aí então que ele percebeu que estudar direito sem praticá-lo perde muito sentido. Mentira: ele já sabia disso há algum tempo, só achou interessante escrever isso no texto que ele produzia.
No começo de sua escrita, já pensava que não poderia dizer o que realmente pensava: Seria muita exposição! Sim, exposição porque ele queria publicar o que escrevia. Lembrou de uma citação que vira na biblioteca de sua universidade: "Um livro fechado é um gênio calado", ou algo similar a isso. Tudo bem que é necessária uma analogia, talvez "um texto não publicado não tem a menor graça". Por isso uma necessidade de enviar ao grupo de e-mails, à espera de que alguém comente e diga: Nossa, Alexandre, como você escreve bem!". E sim, ele é realmente egocêntrico, deseja muito ser o centro das atenções. Mas novamente volta o pensamento, para dar uma certa coesão ao parágrafo que ele estava acabando de escrever: Eu não posso me expor demais. [continua]

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Brincando em sites de vestibular...

Estava passeando pelo Site da Uol, lendo sobre o fato de "tropa de elite" ter ganho o Urso de Ouro. Foi quando vi um link para uma banca de redações da UOL, na qual professores recebem redações de alunos e as corrigem, dando, inclusive, uma nota de acordo com os parâmetros das redações do ENEM. Achei bastante interessante, tanto é que tive interesse em escrever sobre a temática tantas vezes debatidas na UnB sobre a idéia de "é adequado aumentar as punições?".
Esse texto é uma pequena argumentação na especificidade dos recentes acidentes de trânsitos, que causam bastante repulsa, em geral. Tentei argumentar um pouco uma idéia das diferenças entre direito e moral, que o querido Kelsen vai diferenciar na sua teoria do direito: Agir pela moral é acreditar que aquilo é certo. Agir pelo direito é acreditar que aquilo é lícito.
Assim, a proposta ideológica que eu tenho, e isso eu acho que é muito adequado, é mostrar o quão importante é transformar as regras legais revestidas de uma postura ética. "Eu ajo legalmente porque isso vai ser bom, estou praticando o bem e consequentemente serei beneficiado com isso".

Enfim, ainda acho que discussão sobre legalidade e moralidade bastante importante para os discursos jurídicos e filosóficos, para uma discussão da nossa produção normativa, enfim, essas coisas que o estudante de direito se importa. No mais, não nego que deve haver punição, pois ainda acredito que punir é uma forma de justiça. Mas ao mesmo tempo acredito que a punição é uma reparação unfashion, incapaz de construir aspectos democráticos e solidários, que são as coisas que ainda tenho como o "Bem em si".

Enfim, a redação que eu escrevi:





Punir versus educar: Por um trânsito ético

A ocorrência de acidentes de trânsito com uma alta freqüência causa bastante repulsa aos atingidos, seja as próprias vítimas ou aos amigos e parentes. Mortes, amputações ou o simples susto tornam-se traumas, o que faz com que busquem soluções para tornar o trânsito brasileiro mais pacífico. Sugere-se, então, a idéia de maiores punições aos infratores das normas, já que surgirá a consciência de que “se eu descumprir a norma, serei punido”. Em princípio isso parece bastante adequado, afinal um comportamento violento no trânsito será pressuposto de sanção penal.
Essa lógica, no entanto, possui uma eficácia bastante diminuta em relação às possibilidades propostas por campanhas educacionais. Uma pessoa que se move pela punição agirá em simples conformidade a regra, porque seu comportamento será reprovado por terceiros e isso lhe causará alguns traumas, além daquela idéia “droga, fui pego cometendo infração!”. Punir não desenvolve, assim, um sentimento de certo ou errado, mas apenas de lícito e ilícito. Já no caso de uma proposta pedagógica, na qual é mostrado as conseqüências dos comportamentos inadequados no trânsito, o condutor terá os conceitos “certo” e “lícito” como sinônimos, além de perceber que, ao agir de acordo com as normas de trânsito, todos serão beneficiados.
Assim, acredito que pouco fará diferença se aumentar ou não as punições aos maus condutores, pois a eficácia do código de trânsito se restringirá à idéia do medo de ser punido, não da idéia de ser beneficiado e protegido. A única razão que eu vejo nessa articulação para o aumento das punições apresenta-se pelo sentimento de justiça tendente ao de vingança, o que é lamentável. E, talvez por não acreditar que punir seja a melhor forma de moralização, ainda acho que a educação é a forma mais eficaz de desenvolver uma ética adequada.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Sadness was the best thing I could bring

Entrevista de estágio marcada para as 10h30, com um sono comum às pessoas que dormem tarde durante suas férias. O terno que foi usado somente em ocasiões especiais torna-se pesado e quente, a gravata é ajeitada diversas vezes, afinal de contas, foi seu pai quem fez o nó para você. E você vai lá, entra naquele prédio empresarial com diversas entradas, se perdendo lá dentro. Imenso é o tal do edifício Brasil XXI.

Chegando lá, uma moça bonita, loira, abre sorridente a porta de vidro ao apertar o interruptor. Você força um sorriso, porque você quer demonstrar simpatia também, e esconder muito seu nervosismo diante dela, mesmo que ela não seja a sua entrevistadora. Enfim...

Senta-se no sofá, observando uma obra de arte, as letras prateadas com o nome do escritório (sabia que a OAB em seu estatuo obriga que os escritórios tenham nomes comerciais na qual esteja o nome dos seus fundadores?), o tapete com motivos persas. Enquanto isso, fica observando o atendimeno cheio de polidez da secretária ao telefone, sempre utilizando aqueles dispositivos "Somente um instante, por favor", "Senhora" e "bom dias". Por mais que isso signifique muito pouco como algo verdadeiro, é bom se sentir bem tratado. Talvez por isso tenha dado mais valor aos bons tratamentos. So politicians, I think you better keep your distance...

E você quer fazer um "yes" com a secretária: Melhor ficar calado, mas invez de ficar com o olhar morto e para os cantos, é bom mostrar olhar penetrante, 11+ 32, 50 - 17, 43x1, 86 : 2....

Espera os 15 minutos usuais, pois você chegou cedo naquele dia, mas também espera os mais 20 minutos usuais, pelo atraso do entrevistador.

Entra na sala de reuniões e surpreende com não um entrevistador, mas dois. E surpreende-se ainda mais com o fato de seres duas mulheres, uma com cara de ser mais simpática do que a outra. O cumprimento baseia-se no "bom dia", "prazer em conhecer" e um aperto de mão.




sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Dying young


Por mais que eu seja novo, a morte é algo que tenho pensado a todo momento. Desenvolvi uma cultura de sobrevivência que agir é fugir da morte; não pulo de trem, não dirijo embreagado.
Anteontem fiquei um pouco doente, com medo de morrer. Que fiz? Marquei um médico. Fui hoje e estou realizando exames de fezes, urina e sangue.
Seria o risco o meu maior medo? Sim, isso é a minha modernidade. Parece que a categoria que mais define as nossas vidas, ou ao menos a minha, é a consciência de que há possibilidades e podemos escolhe-las (LUHMANN/GIDDENS). Não, a morte não é finalística, ou a morte não é meu destino tão certo; eu não quero morrer. Eu quero diminuir o risco, eu quero torná-la uma possibilidade distante.
Eu tenho medo.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Cinematecando II (e um PS)

Fugindo um pouco da utilização comum aos PS's, farei esse no começo do texto ;)
PS.: Quando eu penso em suicídio, penso que sou uma pessoa louca. Quando penso em pessoas loucas, penso que precisam de psicólogos. Se penso em suicídio, então deveria eu ir ao psicológo. Eu paro, então, de pensar em suicídio.


Voltando aos filmes que estão em cartaz, continuarei os meus pequenos comentários:
"Juno"
Garotinha grávida aos 16 anos que pensa em fazer um aborto desiste dessa idéia, mandando o bebê para adoção. Todo o seu drama em abandonar o filhotinho, paralelo a uma possibilidade romântica com o provável pai adotivo e a sua união ao pai da criança tornam esse filme bem legal. Confesso que não fiquei tão emocionado quanto a minha irmã, que se desdobrou em lágrimas. Penso que a maternidade é um assunto a qual eu não tenho tanta relação, talvez por estar numa cultura em que a imagem dos bebês é muito mais tratada pelas mulheres. Mas tem atuações muito boas, a atriz principal e o namoradinho. Porém uma pequena crítica é ver aquela garota como alguém bem improvável de existir realmente: Nenhum momento ela me passou insegurança; e quando falo insegurança não quero dizer arrependimento nem mudança de idéia, falo em não saber escolher. Mas eu gostei.

"O Suspeito"

Aquelas histórias de tortura em Guantánamo são recorrentes nesses últimos 4 anos, depois que houve uma revolta contra o modelo conservador republicano do George Bush. Assunto delicado é esse tal de direitos humanos, e no meu curso de Direito foi algo bem recorrente falar sobre tal fato (Paixão e ABC). A tortura como parte do inquérito policial é realmente algo que dá muita pena, e o filme faz com que um cara fosse torturado (e muito!).
A história centra-se em tais fatos e possui um artifício que realmente faz a pessoa ter um bom julgamento moral: Seguir uma ética Kantiana, do simples cumprimento do dever, ou finalística, na qual os meios podem justificar seus atos? Será que podemos fazer o inquérito policial sem tortura, pois assim será a melhor forma de impedir o terrorismo, mesmo que não encontremos nada que procuramos; ou devemos torturar, pois assim vamos conseguir saber o que o preso está escondendo.
Mas então(e aí eu digo aqui para quem quiser assistir ao filme pular para o próximo comentário) o personagem, após muitas torturas, dá nomes de terroristas. Surge no espectador "é, ele estava realmente escondendo alguma coisa", valeu a pena. Só que, na verdade, era uma forma de burlar os torturadores, dele não ter que se submeter a mais um desgastante momento de tortura. E aê surge no telespectador "realmente, a tortura pode ser bem enganosa". E essa sensação emocional provocada é a melhor parte do filme.

"No country for old men"
Eu sou muito fã dos filmes dos irmãos Coen, adoro "Fargo". Fargo é um grande filme. "No country for old men" é um grande filme também. Mas os detalhes são tão pequenos que qualquer piscar de olho você perde alguns detalhes. Atenção é essencial e eu não fui. Vou ter de assistir de novo, mas ele é bom, no geral.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

we're too young to die

o fluxo de consciência me impede de escrever sem pensar na existencialidade. Por que meus personagens pensam? Poderia eles apenas agirem e eu ser alheio ao pensamento deles?

Narrador de atos, não de índole, pensamentos, vontades.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Cinematecando

Antes de virar uenebista, era fã incondicional de cinema. Brasília, ócio e véspera de oscar (já sairam os indicados) fez com que eu me entretesse bastante (e gastasse boa parte do meu dinheiro) em cinemas. Assisti a 6 filmes, todos recomendáveis, talvez porque hoje em dia eu esteja uma pessoa bem mais morna para criticar obras artísticas. Foram esses:

"Eu sou a lenda"
É um filme que eu só assistiria porque queria a companhia do meu querido irmão de 15 anos, que gosta de filmes pipocas e descartáveis. Sabendo que era realmente isso o que eu poderia esperar, um filme pipoca, fiquei bastante surpreso (para melhor) com o que assisti. O tempo se dilatou, não conseguindo perceber que havia assistido a um filme de 2 horas. Assustei-me, pulei da cadeira, gostei. Porém os monstros (sim, o filme tem zumbis) são plásticos, de magia e luz. Não dá para ter medo nem dá para crer que aquilo seria minha aparência caso fosse atingido por um virus. Uns buraquinhos no roteiro, mas no geral, bom.

"Michael Clayton - Conduta de risco"
Um bom filme de ética judiciária. Assisti sem saber o que esperar, muito mais pelo fato de que estava no cinema a espera do meu pai chegar e com uma janela de tempo de 2h30. Conta a história de um advogado de um grande escritório que enlouquece (surta, chegando a ficar pelado no tribunal) diante de uma sessão de julgamento na qual defendia uma corporação de produtos agrícolas tóxicos. Então é chamado o mocinho do filme (o Michael Clayton), que tem função no escritório de reparar as bobagens desse advogado. Enquanto isso, a diretora da corporação tenta reaver os possíveis danos causados, ficando com medo que "o segredo" (sim, os produtos são tóxicos e toda a corporação sabia disso) fosse revelado pelo advogado biruta e fazendo coisas pelo "bem maior".
O filme demora a engatar, com um tempo bem recortado (vai e volta e vem), mas é primoroso nos 30 minutos finais, quando tudo se encaixa. A sensação ao final é de certo conforto porque fica mais fácil de entender o filme, porém todos aqueles momentos em que nada faz muito sentido, momentos tais que você é incapaz de saber quais são as coisas que devemos direcionar a atenção, faz com que o filme às vezes fique chato.
Uma atuação sensacional, que eu fiquei de boca aberta mesmo, é da atriz que faz a diretora da corporação. Fiquei realmente encantado com a angústia que tinha em cair da corporação por não saber o que fazer de maneira lícita. Fui pesquisar na internet, descobri o nome dela (Tilda Swinton) e ela estava sendo indicada a vários prêmios, e eu tinha certeza de que seria indicada ao oscar. Papéis conhecidos são a mãe de "Até o fim" e a feiticeira de "As cronicas de Nárnia".

"A vida dos outros"
Filme alemão que está em cartaz a eras na Academia de tênis. Bem feito, bem acabado, mais ou menos escrito. Conta um pouco a história de um casal de intelectuais (um escritor e uma atriz) que estão sendo investigados pela polícia da Alemanha oriental para saber se eles eram contra o regime comunista. A história centra-se na relação meio estranha criada pelo investigador e esse casal, pois aquele acaba criando afetividade e negligenciando alguns fatos. O filme é um golpe bem forte para os que gostam da idéia do estado social de burocratas ou a censura.
Desgostei do filme em alguns aspectos. É longo, realizando subtramas para que possibilitasse uma revolta desse casal contra o regime (em princípio eles não são contra a burocracia), e foi incapaz de me convencer quanto a súbita piedade surgida pelo investigador, mostrando um cara maldoso no início do filme que depois se desmancha para ajudar seu objeto de investigação.

"Desejo e reparação"
Entrei no cinema pensando "merda! que estou fazendo aqui?". Odiei alguns filmecos de autores clássicos como E. M. Forster "Retorno a Howard's End" e Jane Austen "Razão e sensibilidade", filmes de costumes da Inglaterra vitoriana. "Desejo e reparação" era mais um filme com essa cara, em que as mocinhas se preocupam por quem vão se casar, amores proibidos e relações de poder. Preconceito, pois não esse tipo de gênero de filme que odeio, eu que nao tinha idade para gostar deles.
Mas fiquei muito surpreso. O filme prende sua atenção facilmente, com os draminhas da garotinha aspirante a escritora, que vê a irmã "chamegando" com o filho da governanta. É muito bem escrito todo esse primeiro momento do filme.
Porém quando começa a reparação, o filme torna-se óbvio e perde toda a sua inovação (que eu nao sei qual é). Mas vale a pena, é uma história de romance sensacional e eu saí com um entalo na garganta. Belíssimo, com uma trilha sonora (que eu baixei, inclusive) maravilhosa.

Agora tenho de sair do pc. Depois eu faço aqui meu momento Rubens Ewald Filho.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

For thousand years or more

Ontem foi a formatura de graduação de Direito da Universidade de Brasília, na qual a turma Liga da justiça se formou. Num misto de orgulho, pois conhecia muitas formandos (as) que tenho algum afeto, e tristeza (?), fui prestigia-los. Senti vontade de estar lá.
Sensaçao: Não gosto do título de bacharel, desse nome “bacharel em direito”. Bacharel todo mundo é: Bacharel em relações internacionais, bacharel em biologia, bacharel em desenho industrial. “Somos uma turma de bacharéis em direito”. Sim, mas quem não é? Eu escutaria em outras formaturas: Somos físicos, sociólogos, economistas.
Assim Direito também tem de ter um nome. Justiceiros? Não, porque justiça é virtude, não é destaque de uma graduação de Direito, pois não é nisso que adquirimos caráter. Letistas (derivado de leis)? Não, jamais. Seria o mesmo que dizer que o curso de Direito tem a lei como principal objeto de estudo, remetendo-se às noções napoleônicas. Se direito fosse lei, haveria direito em sociedades sem escrita?
Jurista, vindo do jurídico, não do judiciário. Gosto desse título, essa é a formação que desejo. Jurista, muito mais do que tecnólogo da legalidade.
Porém eu observo o currículo do curso de direito da universidade de Brasília e compreendo que minha formação nos próximos 9 (8?) semestres serão para uma formação tecnológica. Doutrina mastigada em conjunto ao vade mecum, na leitura de artigos e incisos e parágrafos únicos. Hum, que gostoso!
Ao Thiago Maciel, meus grandes parabéns por ser o jurista que você será. Espero de você grandes realizações e feitos.
Ao Diego Nardi, sinto-me fraco para manter discussões monologais. Espero pela sua volta.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

2008: promessas de paraíso

Mais um ano surge, o ciclo recomeça, talvez seja momento de repensar, de refletir, de metas a alcançar, SS a tirar.



Minhas 10 metas:



1. Saúde: Vou cuidar do meu tímpano perfurado, fazer exames de rotina (pele, taxas, pressão, vista...)

2. Estudos: Dar maior preocupação ao curso, pensar que é isso mesmo o que eu devo esperar, não ter maiores expectativas.

3. Trabalhar: Ganhar dinheiro e melhorar a minha vontade de estudar. Parece que o curso de graduação só terá dignidade quando eu conseguir dar finalidade a ele, e trabalho eh uma das finalidades do curso de graduação, ou não?.

4. Reanimar a UVE: Projetinho de extensão do coração, identidade xandelística.

5. as metas acabaram. se fossem 10, pensando bem, eu nem perceberia. então fica apenas as 4.

E respeite-se as metas.