sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Esperar era torturante, mas, desde sempre, ou melhor, desde que me foi dado consciência, já sabia que havia uma identidade entre viver e esperar. E no fim, era tudo uma grande, ou nem tão longa assim, espera. E comigo não era diferente, esperava, como tantos outros, alcançar aquilo que aguardava, por mais que não tivesse certeza sobre o que demonstrava o pronome demonstrativo, sendo ele apenas uma seta que apontava. E da identidade viver = esperar, não me restava duvida de que viver era indicar, ou, vulgarmente, apontar. Pura indefinição, e era sobre isso que se preocupavam eles, todos os dias, procurando algo para o qual apontar. Ou antes, procurando para onde caminhar. E muitos esperavam, de fato, sem saber e definir o que era o seu aquilo, e esses, geralmente, foram, são e serão aqueles que jamais morrem sem se lamentar, salvo quando tamanha indefinição impedia, até mesmo no derradeiro momento, por ausência de consciência ou por súbita manifestação, um choro temeroso que mostrasse a todos a incerteza sobre o que havia para o lado de lá. E eu, sentado no batente da janela, olhava atento aos pingos da chuva, mas, certamente, não eram para eles que apontava; esperava a tempestade que, cedo ou tarde, iria chegar.
Quando ela chegasse, restar-me-iam duas saídas, apontar ou não mais aguardar, e, na tormenta da loucura, era justamente essa a saída daqueles, que sem saber por quais rios iriam desaguar, buscavam saciar a sede da incerteza nas águas eternas do Lethe, e, então, inexistentes, já não mais poderiam esperar. E nessa possibilidade eu nunca pensei, ou melhor, para essa saída jamais apontei; mas o sofrimento de apontar para si (e interprete isto das várias maneiras possíveis), faz com que todos, sem exceção, vacilem ao escolher entre viver ou não mais se lembrar. Mas se vacilo, logo restauro meu equilíbrio, afinal, de nada me adiantaria caminhar se não poderei recordar das chagas que me atingiram, assim, entre os dois caminhos, um leva a um só destino, já o outro, tão difícil de encontrar, ou levar-te-á aos Campos Elíseos, ou à morada de Cronos, onde, para todo o sempre, sua espera irá te habitar. E apenas esse caminho leva-me, através da dor, à felicidade

terça-feira, 22 de julho de 2008

Me amarraram no mastro ao canto das sereias, eu não resisti.
Vermelho e azul, você não precisa mais de mim.

http://www.incoersencia.blogspot.com

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Pai herói

Versões do que nos contam

“Meu pai tem um problema no corpo, por isso que ele treme todo. Um dia ele estava andando de carro, escutando um jogo do náutico pelo rádio. Foi aí que o náutico fez um gol e aí ele foi vibrar e levantou as mãos. Como ele levantou as mãos, bateu o carro e se machucou. Por isso ele é ficou assim”. Felipe, 9 anos, em 1998.

Esse era um amiguinho meu que morava lá perto de casa. Estudávamos na mesma escola. Eu lembro que achava a família dele triste: uma mãe neurótica, sempre botando medo na gente, dizendo que eu não deveria andar na rua sozinho naquele Recife tão violento; um pai calado, já mais idoso, que parecia desempregado ou inválido...não sei. E ele falava isso com uma crença tão forte, uma malícia mínima.
Claro que não foi por uma bobagem desta que o pai dele se machucou. Detalhes tão pequenos de uma história que poderia ser passada por “seu pai perdeu o controle do carro” acabam por torná-la algo implausível. Alguém tem culpa, nexo de causalidade/imputabilidade, diante da deficiência do cara. Mas a mãe realmente não queria dizer que foi um acidente onde um cara bateu no pai dela, não.
Eu acho que ele dirigiu embreagado.

Será que em 2008 ele refez sua imagem paterna, entendendo o pai como alguém que errou? Será ele mais feliz do que morar naquele apartamento em frente à parada de ônibus da Caxangá, tão barulhento?

Magia e religião
Comprei um livro pela internet pela primeira vez. “Bruxaria, magia e oráculos entre os Zande” do E. E. Evans-Pritchard. O mundo tá meio cíclico e eu estou voltando a antropologia. =)

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Resumo tosco do "adote um calouro".

Justificativa:
A constituição federal brasileira criou, principalmente com a Instituição da Defensoria pública, uma idéia prescritiva de que o acesso a justiça deve ser incentivado. As medidas contra a crise no ensino jurídico entraram em consonância com essa perspectiva, estabelecendo, assim, que as faculdades tivessem núcleos de prática jurídica que possibilitassem um acesso a justiça.
A UnB pôs o nucleo de prática jurídica (NPJ)justamente na Ceilândia, local em que a população é mais pobre e, portanto, tem mais dificuldade de utilizar do aparelho judiciário para resolver seus conflitos.
No entanto, há uma diferença sociológica, simbológica e conceitual entre as pessoas, cidadãos de Ceilândia, que necessitam do acesso ao judiciário, e os alunos do curso de direito, que possuem uma formação diferente.
Nessa falta de liame entre os que demandam do serviço do NPJ e os que promovem esse serviço, observou-se uma certa ineficácia do objetivo fim do núcleo.
Outro problema é que os alunos do direito estão entretidos num curso de iniciação ao conhecimento do judiciário. A falta de contextualização sobre como ocorre o funcionamento da composição de lides pelo judiciário inclui o aluno no curso de maneira inadequada, pois o aparelho judiciário é visto como algo distante e ter aula de "Teoria geral do Processo", sem nem mesmo ter se envolvido com isto, é bem chato.
O projeto tenta utilizar, por meio da extensão, uma forma de unir uma introdução do aluno ao mundo jurídico formal, assim como uma forma de qualificá-lo para atender, através da sua perspectiva como jurista, demandas sociais diferentes.

Objetivos:
O principal objetivo da parada é otimizar o ensino jurídico do curso de direito, pois traz o mundo jurídico pra próximo do aluno calouro, e melhorar o serviço do NPJ produz, mudando, também, o funcionamento do judiciário.

Metodologia:
A metodologia é através de várias práticas reflexivas, que serão desenvolvidas com a ida destes alunos ao Núcleo de Prática jurídica. Pela prática de uma observação participante, ele aprenderá um pouco sobre processo e questões legislativas, ou seja, a ciência tosca da juricidade, e também meios de trazer ao judiciário uma inserção social da população da Ceilândia.



Enfim, eu tenho uma literatura vasta para desenvolver esse texto aqui.
Espero que vocês façam muitas críticas ;)

domingo, 13 de julho de 2008

Toda aquela onda de “i think i’m falling in..” a outras práticas de suspiros amorosos foram em vão? Não sei.
Hoje eu levei um fora. To um pouco triste? talvez sim. Mas gostar de alguém é um gasto imenso de energia. Só que me fez bem pra caralho!

Agora estou em práticas de auto-imunização. Vou dizer para mim mesmo que só falei que gostava dela porque eu realmente não estava mais com medo de perdê-la. Só que nem sei se é assim... talvez eu atualmente esteja numa fossa, que talvez eu realmente acreditava num retorno.


Estarei aberto a retribuições. Mas, por mais que pareça paradoxal, descobri que amar outrem é amar a si mesmo. Final das contas, me fez bem pra caralho [2]!

Quanto a isso, não falo mais nada.

Post em homenagem a Amanda, que me acompanhou, mesmo que inconscientemente, nesta odisséia.
=)

Ps: Algumas reflexões escondem problemas de identidade.

domingo, 29 de junho de 2008

O libertino

Michel Foulcaut diz que a sexualidade se tornou restrita à cama dos pais. Sexo adequado é debaixo das cobertas, entre quatro paredes, em posições papai-mamãe.
Não gosto de escutar "queria que a gente tivesse numa cama". Por que não em pé? Cosmologicamente, no entanto, é socialmente reprovável.
Esse post é socialmente reprovável.


Meu coração e meus passos
Andam em círculos atrás do seu rastro
Meus pés e meu peito e no meu pulso direito
bate o seu atraso
Será que você... meu bem?
Será que você não vem?

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Hoje saiu a lista de oferta de algumas disciplinas de outros departamentos da UnB.
Meu Deus, o que eu estaria fazendo aqui nessa sala de estágio burocrático???

Nardi, se você sair do estágio em 11 de agosto de 2008, eu saio também!