sábado, 26 de abril de 2008

Brincando de boneca

Num dos meus momentos almodovarianos, de pesquisas empíricas sobre gênero, sinto uma percepção hobbesiana das mulheres nas relações sobre homens. Carrinhos e bonecas, meninos e meninas, cada um com a sua brincadeira.

As meninas falam de suas barbies e as histórias que elas vivem. A Barbie namorava o Ken, e um dia ela descobria que o Ken estava com outra. Que droga, ela pensava. Acabava o namoro, chorava alturas, ficava muito triste. Mas ela é uma grande mulher, ela vai dar a volta por cima e se tornará uma mulher solteira bem sucedida. O Ken, percebendo que ele, apesar de ser homem, não poderia sucumbir a infidelidade com aquela baranga, volta atrás da Barbie. E a história de um homem infiel, porém arrependido, consubstancia uma relação mais forte, beirando a vassalagem amorosa. A Barbie perdoa, assim, e vivem felizes para sempre.
O maniqueísmo não permite tornar o homem o inimigo. Ela o ama, a merda que ele faz é perdoável. A mulher amante, não. Ela é a traidora, a sedutora.
As historinhas voltam, a traição é miopizada.

Minha mãe sempre se disse feminista, participante do grupo de estudo da UFPE de Família, gênero e sexualidade (FAGES). Talvez por isso que eu veja essa reprodução do Ken arrependido e do amado soberano como algo altamente reprovável. O homem não é o único machista, realmente. As mulheres reproduzem isso de maneira tal que nem percebem.
Esse discurso de "ele trái porque é homem" propõe a gênese dos sexos: a mulher como a devidamente castrada, educada e civilizada, enquanto o homem é o animal, o instintivo, o da cabeça de baixo.

Vejo meu avô Fernando ensinando ao meu primo de 1 ano e meio a pegar no pinto dele. Minha avó Paé não fala para a minha prima de 1 ano "cadê sua xerequinha, Júlia?". Vou ensinar a minha prima a pegar na xereca dela. E dane-se se ela for uma quenga mirim, porque o meu priminho será um galãzinho.

Não, não farei isso. Mas que a sexualização das crianças masculinas são iniciadas mais cedo, são. E a moralidade da fidelidade, não.

3 comentários:

Anônimo disse...

toda mulher sonha em domar o cafajeste, é a vida....
mas o q não quer dizer q td vá perdoar um traidor
=P

Ilana Kenne disse...

Gostei (muito) do começo do texto. Sempre vi a vida como uma brincadeira de Barbie. ;)

Não gostei das palavras feias. Desculpa, sou a menina do papai.

Concordo na maioria dos pontos. E admito: eu sou bastante machista. (Vide "menina do papai")

E é verdade, Amandoca, toda mulher quer domar o cafajeste. Pena que a maioria das mulheres não percebe quando já o fez...

Anônimo disse...

ou qnd eles são indomáveis =P